sábado, 16 de outubro de 2010

coluna de opinião

Bansky, o artista britânico conhecido pelos seus famosos graffitis, foi convidado a realizar a sua própria versão do genérico de entrada da série televisiva “The Simpsons”. Até aí tudo bem, não fosse o facto desta conter imagens que fazem alusão à exploração de trabalhadores asiáticos na criação de merchandising e na produção de cada episódio desta série. Entre as cenas podem observar-se trabalhadores em série sob as ordens de um superior, a utilização de animais para a fabricação do merchandising dos “The Simpsons” - assim como crianças a trabalhar retratando desta forma a exploração infantil bastante presente em países orientais. Tudo isto acontece quando surgem notícias sobre a terceirização feita pela FOX a uma companhia sul coreana. Entretanto, a FOX começou a remover os vídeos alojados no YouTube relativos ao genérico feito por Bansky. Estranho, não? É como se o ladrão sentisse o cheiro a prisão e começasse a esconder todas as evidências.
Por falar em prisão, nesta mesma semana o chinês Liu Xiabo ganhou o prémio Nobel da Paz pela “sua longa luta e não violenta pelos direitos fundamentais da China”. Curiosamente (ou talvez “obviamente” uma que se trata de um homem de naturalidade chinesa) Xiabo encontra-se preso desde 2008 por alegada subversão à autoridade do país. “Apenas mais uma pena” pensará Liu dada a sua colecção de penas acumuladas ao longo dos anos impostas pelo regime chinês.
Todas estas notícias surgem de países asiáticos. Com os Estados Unidos metidos ao barulho (via FOX) para não variar. Estamos tão avançados tecnologicamente e tão retrógados mentalmente. Em pleno século XXI tudo continua a ser possível. Pelas piores razões. Homens que lutam pela liberdade de expressão (um direito que devia ser concedido a qualquer pessoa) a serem condenados a penas de prisão. Empresas como a FOX que se aproveitam da exploração de pessoas nesses países para seu próprio proveito. É uma triste realidade esta que se vive. Sobretudo para estas pessoas que são regidas pelos egos dos outros. Que remédio têm elas. Ou isso ou tornam-se companheiras de cela de Xiabo. Voltamos a Tiannamen. Bem-vindos ao circo.

Ricardo Costa

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