sábado, 18 de dezembro de 2010

NÚRIA - personagem criada por todos

em brainstorm na aula


NÚRIA

Mulher.
Taxista.
Atraente
Pulso Grosso.
Ficou, após o divórcio, com 100% da empresa de Táxis.
Conduz muito mal.
Aprecia o choque na cara dos clientes.
Começou a treinar uma arte marcial.
Tem um Magnum 44 debaixo do banco.
O marido é porteiro de discotecas, desde o divórcio. Era violento e isso levou à separação.
Núria tem uma luva preta na mão direita, a tapar uma queimadura provocada pelo ex-marido.
Quando saca da arma, tira a luva!

sketch: praga de coelhinhos da páscoa (Leonor Mac)


01 – HORTA HUMILDE NO CAMPO MANHÃ

Plano panorâmico lento da horta, vê-se uma capoeira ao fundo, uma cerca em mau estado, galinhas e patos, e um cão preso a uma corrente.

VOZ OFF
Depois do aparecimento dos pesticidas, por volta dos anos 50, as pragas passaram a ser coisa do passado. Mas hoje, os desiquilíbrios dos ecossistemas e o aquecimento global tem feito ressurgir este problema. Novas medidas de prevenção e de combate são um desafio à criatividade e engenho de todos nós. Mas nem sempre as soluções são fáceis ou agradáveis. Para problemas graves, às vezes são necessárias medidas extremas.

Corta para a imagem de um agricultor de meia-idade, que observa a sua horta enquanto se dirige para a capoeira.

VOZ OFF
Nesta localidade de Sarilhos Pequenos, a poucos quilómetros de Lisboa, este homem foi confrontado com um problema inédito, mas que se está a alastrar pelo país a uma velocidade assustadora... (voz solene) A praga dos Coelhos da Páscoa.

Corta para o entrevistador, um homem novo, com o sobrolho franzido em sinal de compreensão e preocupação.

ENTREVISTADOR
Então como é que se apercebeu que tinha Coelhos da Páscoa aqui na sua horta?

Corta para o agricultor que encolhe os ombros em desalento.

AGRICULTOR
Isto é uma chatice. A gente acorda, vai à capoeira e vê os ovos todos pintados às cores... A capoeira fica cheia de lacinhos em todo o lado – a gente até se riu porque achava que era uma brincadeira do meu cunhado! Mas depois, era todos os dias e as galinhas ficavam todas desalvoraçadas!

ENTREVISTADOR
E eles também destruíram a sua horta?

Corta para o agricultor que tem uma expressão de grande cansaço e desalento.

AGRICULTOR
Mas não é isso. Não vê que não é so pintarem os ovos? Nem os laços? Dá muito trabalho andar sempre a desmontar aquele circo todo! Mas o pior é que os bichos escondem uma data de ovos todos os dias. A gente anda por aí... e é só pisar ovos em todo o lado! Eu tenho uma neta pequena e isto é um perigo! A culpa é do novo super-mercado, mais as promoções da Páscoa... Foi só trazer coelhos para aqui...

CORTA PARA


02 – INTERIOR DE UMA CARRINHA DE CAIXA ABERTA MANHÃ

Um homem conduz a carrinha, vestido com impermeável, boné e óculos amarelos, como os atiradores furtivos.

VOZ OFF
Gerson Silva faz parte da equipa de controle da praga de Coelhos da Páscoa, recentemente instituída pelo Governo Português. Ele está preparado para todas as situações, estando equipado com dispositivos de visão nocturna, armas de vários calibres, bolachas super calóricas e um pente.

Gerson tem uma expressão séria e um aspecto muito profissional. Estaciona a carrinha e sai, deixando ver as calças com muitos bolsos laterais, e umas botas de caminhada. Dirige-se para a capoeira com o agricultor

VOZ OFF
Gerson vai agora ver os estragos, para tentar estimar quantos Coelhos da Páscoa andam por esta zona.

CORTA PARA


03 – INTERIOR DA CAPOEIRA MANHÃ

A capoeira tem laços brancos, rosa e azul bebé, gema de ovo no chão, e muitos ovos pintados de todas as cores. Gerson e o agricultor estão frente a frente. O agricultor olha desesperado, Gerson observa a situação fria e detalhadamente.

CORTA PARA


04 – EXTERIOR DA CARRINHA DE GERSON MANHÃ

Gerson passa algumas das armas que tem guardadas atrás do banco, para a caixa aberta. Enquanto issi, vai falando na direcção da câmara.

GERSON
(com sotaque brasileiro) A mim me parece que toda uma comunidade de Coelhos de Páscoa se instalou aqui. É uma situação muito difícil! E para mim isso é muito complicado! A gente nunca gosta de ter que fazer isso, não é?

Gerson entra dentro do carro e põe-se em marcha.

CORTA PARA


05 – INTERIOR DA CARRINHA DE GERSON NOITE

A carrinha com Gerson ao volante segue por caminhos de terra-batida, e com imagens de visão nocturna vão se vendo Coelhos da Páscoa – de tamanho humano – que se escondem atrás de árvores quando sentem os faróis da carrinha. Há laços espalhados no chão, e alguns ovos partidos.

GERSON
Não tem jeito não... Vamos mesmo ter que intrevir.

Passa um Coelho da Páscoa a correr escapando por pouco a uma colisão com a carrinha.

GERSON
(com uma mão em cima do boné que tem na cabeça) Olha! Olha! Você viu o safadinho?!

CORTA PARA


06 – EXTERIOR DA CARRINHA DE GERSON

Gerson encosta o carro, sai e pega numa arma que tem na caixa aberta da carrinha. Fica muito quieto por alguns momentos, e depois ouve-se o barulho de uma metralhadora. A rajada dura 10 segundos, seguida por uma nova rajada de igual duração. Gerson faz um compasso de espera com a cabeça baixa. Depois tira lentamente o boné, aperta as mão à frente do peito como se rezasse, levanta a cabeça e vêm-se lágrimas a escorrer-lhe pela cara. Enquanto cai de joelhos no chão, levanta as mãos para o céu.

GERSON
(grita a plenos pulmões) MEU DEUS ME PERDOA! (soluça e fecha os olhos com muita força) Eles são tão fofinhos... tão fofinhos...

Baixa a cabeça e chora compulsivamente. Quando se recompõe, Gerson levanta-se, limpa as lágrimas com as costas da mão e entra dentro da carrinha. Ele arranca e vê-se a carrinha a ir embora pelo caminho de terra batida. O pó que se levanta tapa progressivamente a carrinha a sair do enquadramento e o agricultor que sorri e lhe acena da porta de casa, cândido, enquanto segura na outra mãe a cabeça degolada do coelhinho.

sketch: dói não ter piada (Pitta)



NOTA: O espaço é um consultório médico

MÉDICO
Bom dia, então diga lá qual é que é o seu problema?
O indivíduo está com um ar abatido.

CLIENTE
Ó sr. Doutor é muito simples...

MÉDICO
Então?

CLIENTE
Olhe eu até tenho vergonha de dizer isto mas aqui vai... eu não tenho piada... mas é que não tenho piadinha mesmo nenhuma.
O médico olha com um ar sério.
MÉDICO
Percebo. Fale-me dos sintomas.

CLIENTE
Bom, eu sinto um grande incómodo, isto afecta-me os nervos e depois também acho que me desregula os intestinos.

MÉDICO
Estou a ver... e já tentou mudar alguns hábitos de vida, mudar de alimentação?

CLIENTE
Bom o Sr. Doutor sabe como é que isto é hoje em dia, uma pessoa vai para a internet e lê muita coisa e mesmo na televisão... eu fui tentanto comer pratos com piada... pescadinhas de rabo na boca... pezinhos de coentrada... mas a coisa não melhorou.


MÉDICO
E rebolar-se no chão? Já experimentou? Não lhe dá vontade de rir?
O médico levanta-se e aproxima-se do indivíduo.
CLIENTE
Não isso não. Fui a um curso de yoga do riso... mas só teve efeito naquele fim de semana quando voltei ao meu dia a dia o efeito passou

O médico ajuda o cliente a levantar-se primeiro e depois a deitar-se no chão para se rebolar.

MÉDICO
Isto é diferente, vai ver!

CLIENTE
Estou a ir bem doutor?
O médico ajuda o cliente a rebolar.

MÉDICO
Confie homem confie e rebole!
O cliente ri de forma pouco convincente.

MÉDICO
Levante-se lá. Você precisa praticar isto em casa e vai ver que com o tempo isto resulta.
O médico começa a escrever a receita.

CLIENTE
Acha que sim sr. Doutor?

MÉDICO
Bom o seu caso é sério... mas tem tratamento.

CLIENTE
Diga Sr. Doutor eu faço o que for preciso.


MÉDICO
Eu estou a aqui a receitar-lhe 2 sessões como esta por dia, uma de manhã e outra à tarde quando chegar do trabalho, e antes de deitar peça à sua mulher para lhe fazer cócegas nos pés pelo menos 5 minutos em cada pé. Para aqueles em que se sentir pior ou se não vir grandes evoluções acrescente uma ida diária à Assembleia da República... se aqueles palhaços não o fizerem rir, ninguém o fará.

sketch: 3 sacerdotes e um agnóstico (Pedro Fontes)

Cenário: Programa de televisão estilo prós e contras, com 4 mesas, e apresentadora ao centro. Em cada mesa há um representante de uma grande religião, e noutra mesa à parte está um agnóstico. Cada mesa tem o símbolo de uma religião virado para as câmaras. O padre tem uma cruz, o rabi uma cruz de david, o Imã tem um quarto crescente, e o agnóstico tem um ponto de interrogação. Todos apresentam-se nos seus trajes cerimoniais. O Agnóstico está de fato, e tem uma cruz suástica na testa careca.)

APRESENTADORA: Boa noite a todos, bem vindos ao Debate da Nação. Esta semana abordaremos, com religiosos de todas as confissões, as questões religiosas que REALMENTE interessam ao povo. Segundo a nossa sondagem elaborada pela EUROSONDAGEM (e de que a Universidade Católica se desvinculou por conflito de interesses...) as pessoas apenas querem realmente saber de 3 coisas quando se juntam a uma religião:COMIDA, SEXO, e VIDA APÓS A MORTE (os padres mostram-se muito relaxados, assentindo com a cabeça, nada surpreendidos).

Convidámos pessoas de todos os campos. Da Igreja Católica, temos Januário Virgílio, cónego de Freixo-de-Espada à Cinta (Januário acende um cigarro, sem olhar para a câmara), da Fé Islâmica, temos Muhammad Akim (Muhammad mostra-se concentrado, disposto ao confronto, com um ar tenso e profissional), da parte do Judaísmo, temos Immanuel Silverstein (Immanuel levanta as mãos e agita a farta cabeleira encaracolada, visivelmente satisfeito de estar na televisão). Como Agnóstico, temos Sansão Elias (Sansão sorri de forma calorosa e educada). Lamentamos que a Religião Budista considere que "debate" é uma palavra violenta.

Passemos ao primeiro tema do nosso debate - COMIDA. Que têm os agnósticos a dizer sobre restrições alimentares ordenadas por Deus?

SANSÃO: Olhe, eu acredito numa entidade superior que se dedica apenas a manter o Universo equilibrado sem se preocupar com cada um de nós individualmente. À semelhança, aliás, do Mário Soares.

APRESENTADORA: Muito bem, e a Igreja Católica?

JANUÁRIO (dá uma passa....): Olhe... a Igreja tem muito poucas restrições. Comemos porco, comemos todos os meses do ano... Uma das cruzes que trago ao peito é do bypass (sorri com uma expressão de tarado).

IMMANUEL (toma a palavra, contentíssimo,e com um sotaque arrastado, carregado nos erres e cantado) É verdade...mas olhe que o Antigo Testamento é sábio. Não existe palavra em hebraico para "SALMONELA". O povo escolhido foi protegido de doenças. Não há porco, não há salmonela, não há palavra!

SANSÃO (sereno, educado, e claramente a tentar fazer um argumento sério): É como o Holocausto. Se não existissem judeus, o Holocausto não teria existido. (Immanuel fica confuso quanto a se se ofende ou não, o apresentador está em choque. Há três segundos de silêncio)

MUHAMMAD: (Sério) Não sei a que Holocausto se refere (Olha para os interlocutores com um ar de "so sue me"). O Ramadão, por outro lado, já conheço bem. Serve para limpar a alma, de maneira a não vivermos como infiéis, vivendo como alarves. Uma vez que o nosso profeta não precisa de morrer só para exibir os seus super-poderes, não temos qualquer problema em deixar os fiéis comer à vontade às sextas-feiras (levanta os olhos com ar inteligente e inquisitivo para Januário).


JANUÁRIO: (Dito a baixar a mão com o cigarro de cima para baixo, como que a dar pouca importância) Isso do jejum à sexta-feira era para as beatas pouparem uns trocos e darem mais à colecta no domingo. Além disso, eu vou dando um jeitinho aos fiéis...Digo que podem comer peixe e a malta até lagosta manda abaixo. É uma maravilha. Sempre passei as sextas-feiras santas de luto, mas com muito boa mesa... E com cada pomada... As velhas andam secas como fruta de cabinda, mas cozinham que é uma categoria (ilustra com o indicador e o polegar juntos em círculo, acrescentando solenidade).

APRESENTADORA: Immanuel e Muhammad, a proibição de comer porco parece-lhe justificada?

MUHAMMAD: (Sério) É importante, mas não é tão importante como a senhora pôr um véu. (Novo ar de "so sue me". Apresentadora mostra-se triste). Sinceramente, trate disso. Não vejo outra maneira de melhorar.

IMMANUEL (todo feliz): Nada que um basalto bem colocado não cure, não é, colega?

APRESENTADORA (aflita, troca de assunto rapidamente): Identificam-se com os vossos colegas hindus, que consideram a vaca um animal sagrado e não a comem?

IMMANUEL (sempre felicíssimo): Claro que não. (Com veemência) Isso é estúpido. As vacas valem muito mais dinheiro do que os porcos.

APRESENTADORA (já com falta de ar, olha para a câmara com desespero e muda de matéria): E o que dizer quanto ao Sexo?

JANUÁRIO: (Sério, pondo-se em sentido) Apenas para reprodução.

MUHAMMAD: Exactamente. Não se deve fazer por motivos recreativos. Sobretudo os actos derivados...

JANUÁRIO: Dançar muito perto, esfreganços, sentir as nádegas, gravatas, castanholas, boxe, felácio, sexo oral recíproco e simultâneo...

IMMANUEL: Por trás também é um sacrilégio. Muito menos com mulheres exóticas e experientes que cobrem caro.

JANUÁRIO: (Entusiasma-se) Sim! (Quase em aparte) De perfume doce e cabelo comprido... (desenha as costas de uma mulher com a mão, imitando o cabelo)

MUHAMMAD: E nada de posições estranhas. O Senegalês voador, o Domingo à tarde na prisão, o berbequim da Transilvânia, o Balamento e a Guerrilha Vermelha do Sul são especialmente profanos.

IMMANUEL: (Solene, numa expressão que ainda não lhe conhecíamos, de olhos arregalados) A Guerrilha Vermelha do Sul...

JANUÁRIO: A Guerrilha Vermelha do Sul nem os casados deixo fazer. Aquela coisa com os dedos e a língua ao mesmo tempo é contra a Lei de Deus. Além disso, parece que só as asiáticas conseguem fazer aquele rodopio no final.

MUHAMMAD: E o gosto que fica na boca depois é profundamente pecaminoso...

IMMANUEL: Não há como tirar aquele gosto da boca...

JANUÁRIO: Só com Bacon

Immanuel aponta num caderninho, que guarda rapidamente.

SANSÃO: Olhem, eu acredito numa entidade superior que se dedica apenas a manter o Universo equilibrado sem se preocupar com cada um de nós individualmente. À semelhança, aliás, do Mário Soares.

APRESENTADOR: E o que têm a dizer sobre a vida após a morte? Para onde acham que vão os vossos colegas de programa, depois de deixarem este Mundo?

JANUÁRIO (com desportivismo): Inferno. Lamento, mas a Bíblia é clara...não podem andar aí a negar o filho do Senhor e a se gabar disso... E o senhor que acha que Deus não se preocupa com ele individualmente verá que isso é completamente mentira: terá uma salinha só para si no Inferno. Um demónio, chagas, pestilência, grilhetas, mutilações, violações, fezes, vómitos, morcegos, serpentes, guilhotinas, golpes nos genitais, banhos de água a ferver, dentadas, fome, doença, cansaço, televendas e música dos Delfins... Todas as prerrogativas de uma alma penada. Sem ofensa. (Todos se mostram ponderados, assentindo, reconhecendo legitimidade ao argumento)

IMMANUEL (todo contente): Nada disso! Eu também acho que todos irão para o Inferno, (aponta para os visados) por adorar um falso salvador do Mundo, ou por se atreverem a achar que ele não vem aí. E por comer (olha para a distância, com desejo e languidez, esgueirando os olhos e pausando ligeiramente entre cada palavra) bacon,chouriço, morcela, fiambre, costeletas, ombro, orelha, lombo, chispe, barriga, pá, cabaço e secretos do porco (olha para cima) Um animal divino...cozido, grelhado, frito, estufado, no forno...os leitões com a sua pele estaladiça...(perde-se)


MUHAMMAD: Como todos os infiéis, vós sofrereis as agonias reservadas às almas mais impuras do Universo. Será como me fizeram os senhores de luvas brancas antes de entrar no avião (mostra revolta e entusiasmo crescentes). Uma vez, e outra vez, e outra vez novamente. VEzes sem conta. Luvas brancas e o vosso rabo infiel, friccionando-se dia após dia, durante toda a eternidade! (Olha para o ar e dá um grito Muhajedin): ALELELLLELELELLELELELELLLELE.(Compõe-se) Com todo o respeito.

SANSÃO: Olhem, eu, como acredito numa entidade superior que se dedica apenas a manter o Universo equilibrado sem se preocupar com cada um de nós individualmente, acho que passamos para um estado de inconsciência semelhante àquele em que estávamos antes de nascer.

APRESENTADOR (jocosamente): À semelhança, aliás, de Mário Soares, não é?

SANSÃO (sério): Não. Esse vai para o Inferno.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

sketchs populares



belo trabalho da dupla Joana Galhardas / Rita de La Rochezoire


Nestes Sketches, não há diálogos, ou então são muito curtos. O provérbio aparecerá no fim, em estilo “cinema mudo” (Fundo preto, legendas brancas). Objectivo: tirar o sentido metafórico aos provérbios:


Situação/Provérbio 1

“Dá Deus nozes a quem não tem dentes”

Um mendigo, sentado no chão, chocalha um copo com moedas. Um homem aproxima-se e coloca uns cêntimos. O homem afasta-se e, mais à frente, senta-se num banco de um jardim. Enquanto pensa sobre a vida, com um olhar vazio, surge outro homem “vestido” de Deus e dá-lhe para a mão meia dúzia de nozes. Deus vai-se embora e o homem esboça um sorriso rasgado, sem dentes.

Situação/Provérbio 2

“Quem vai ao mar perde o lugar”

Numa praia deserta, um homem lê um livro, numa daquelas cadeirinhas (de velho). Às tantas levanta-se e vai dar um mergulho. Enquanto isto, chega um outro homem que se senta no seu lugar e continua a ler o seu livro.

Situação/Provérbio 3

“Para bom entendedor, meia palavra basta”

Dois carpinteiros, martelam qualquer coisa, quando um, sem querer, apanha o seu dedo e solta um “DASS!”


Entra um cliente numa farmácia, dirige-se ao balcão e diz para o farmacêutico (com uma voz entupida): “Ia ualuer oisa ara a ôr de abeça!”. O farmacêutico sorri e acena – como se tivesse entendido o pedido –, sai de cena e volta com uma embalagem de comprimidos. O cliente paga e agradece sorrindo.

Situação/Provérbio 4

“Quem tem medo compra um cão”

A acção passa-se numa loja de animais e entra um daqueles tipos género porteiro de discoteca. Um “bisonte” com ar paranóico. Na caixa está uma velhota com cara de má. Apavorado, o homem olha para todo o lado, como se estivesse a ser seguido, enquanto tenta escolher um animal. Quando chega à caixa, leva um chiwawa (ou outro cão de porte pequeno) debaixo do braço.

Situação/Provérbio 5

“Entre marido e mulher não metas a colher”

Num restaurante, um casal com aspecto muito apaixonado, está sentado frente a frente, de mãos dadas, quando chega um empregado com a carta das sobremesas e coloca uma colher na frente do prato de cada um. O empregado vira costas e a mulher, muito indignada, pega na colher e grita: “Olhe, desculpe, o que é isto???”


Situação/Provérbio 6

“O melão e a mulher conhecem-se pelo rabo”

À porta de um mini mercado, um homem escolhe melões. Às tantas dobra-se para vê-los mais de perto e apalpa-os. [plano mais fechado da acção; Ao lado, ao mesmo nível da bancada, está um rabo de senhora] O Homem olha com um ar satisfeito para o rabo e diz: “Amélia!”. [mantém-se o plano a esse nível, das cinturas para baixo] O homem endireita-se e ouve-se “Então, estás boa? Há quanto tempo…”.

Situação/Provérbio 7

“Os homens não se medem aos palmos”

Uma mulher está sentada numa esplanada a ler um jornal. Entretanto repara que a uns metros está um homem de fato branco, olhando para si, a fumar um charuto, encostado a uma árvore. [Planos: Close ups dos olhos, charuto e boca,] Ela vai sorrindo para ele ao mesmo tempo que esconde a cara atrás do jornal. Quando volta a olhar, ele já não está lá. Ela levanta-se à sua procura e repara que, o dito homem (anão), está junto de si, com ar engatatão.

Exercício CENA - Pedro Vintém


01 – INT. BAR NOITE


Numa noite seca de verão, entra num bar um homem dos seus 30 anos vestindo uns calções de futebol do Benfica, pullover da Nike e tennis com meias até ao joelho. Ele vem transpirado, a arrastar os pés e a olhar para o chão. Senta-se ao balcão e pede um gin tónico.
O barman, um homem de 50 anos e com um ar bastante simpático, que já tinha pensado não deixá-lo entrar devido ao seu vestuário desadequado, serviu-lhe a bebida porque o bar estava vazio e apetecia-lhe alguma conversa para animar a sua noite.
.
BARMAN
Desfrute desse gin. Mas com calma.

O homem abana a cabeça afirmativamente com um certo desprezo, sem olhar para o barman.

BARMAN
Olhe, ainda há uns anos um rapaz entrou aqui assim também transpirado, pediu uma coca-cola com gelo e tal foi a pressa que a bebeu que não lhe duraram mais de 2 minutos de vida.

O homem continua a ignorá-lo e empurra o limão para dentro do copo como se o estivesse a afogar.

BARMAN
Mas anime-se senhor! Com este calor você não devia de andar a jogar à bola. Quer dizer, suponho que seja à bola. Esses calções do nosso gloriosos não enganam.

HOMEM
Foi à bola sim.

BARMAN
Pois supus que sim. Mas com este tempo é melhor estar aqui com o ar condicionado a ler um livrinho.

O homem faz um ar surpreendido, incrédulo que um barman leia livros. O Barman mostra-lhe o

livro Caim do Saramago.sermão, entra:

BARMAN
Agora tou a ler o último, infelizmente.

O homem surpreende-se ainda mais pois o Saramago é o seu escritor favorito. No entanto continua a olhar para o copo e a espetar o limão continuamente. O barman começa a limpar os copos e o bar.

HOMEM
É o meu autor favorito... Eu por mim vou nas intermitências da Morte.

BARMAN
Gostei, mas não é dos melhores. Acho que com a morte não se brinca e nunca se sabe o que é que ela nos prepara. Vai na volta, foi isso que aconteceu ao Saramago.

HOMEM
Pois, foi andando para a terra santa. Daqui a nada vou ver como é a Terra do Pecado.

BARMAN
Vai ler esse?

O homem pára de agitar o limão e fica a olhar para ele estupefacto com a burrice de um homem tão supostamente inteligente que lê Saramago.

HOMEM
É, vou... o seu favorito por acaso não é o ensaio sobre a cegueira, não?

BARMAN
É bom. Mas prefiro o Memorial do Convento.

Há um silêncio. O homem está mais agressivo com o limão. O barman observa com mais atenção e começa a perceber as dicas do homem, franzindo as sobrancelhas. Fica um pouco em pânico sem saber se a sua suposição é uma invenção da sua cabeça. Decide jogar o mesmo jogo.

BARMAN
Ouça... por acaso não sabe quando foi o Ano da Morte de... Ricardo Reis?

O homem pára de mexer o limão e decide ir-se embora, começando-se a levantar da cadeira. Bebe um golo grande.

HOMEM
1936, porquê?

BARMAN
Nada, nada...

O barman limpa os copos mais devagar e mais pensativamente.

BARMAN
Mas não está a pensar fazer A viagem do Elefante, não?

O homem percebe que foi apanhado e bebe o copo com golos ainda maiores. O barman aproxima a cara ao homem.

BARMAN
Não vai ter que ser Levantado do Chão pois não?

O homem acaba de beber o copo, levanta-se sem dizer nada e dirige-se para a porta. Barman grita em desespero de quem sabe o que vai acontecer.

BARMAN
Sabe que a Pilar foi fundamental na carreira de Saramago!

O homem pára à porta dirigido para a rua.

BARMAN
Eu posso ser a tua Pilar.

O homem vira-se e olha para o Barman.

domingo, 12 de dezembro de 2010

ENTRE COPOS (exercício CENA)

um (work in progress) trabalho exaustivo do Emanuel Santos

01 – BAR – INTRODUÇÃO

INSERT VISUAL: A cena desenrola-se num bar, género Irish Pub, pequeno onde se percebe que é frequentado (pela decoração (palco com piano, por exemplo)) pela classe média e média-alta, quer para tomar um simples cerveja, quer para beber um cálice de vinho de reserva. O bar tem portas em vidro e tem um pequeno resguardo do lado de fora, onde os clientes se podem abrigar antes de entrarem. É de manhã (por volta das 9horas), chove torrencialmente e está frio. O bar encontra-se com a placa de 'fechado', mas a porta está entreaberta. No bar encontra-se apenas o barman à frente do balcão a varrer o chão/arrumar o bar. O físico do barman dá a entender que tem por volta dos 38-42 anos mas o aspecto (olhos, por ex) dá para perceber que tem/teve uma vida dura cheia de experiências. A música “Helicopter” dos DeerHunter toca em background (ou outra deprimente). Existe uma televisão ligada mas sem som. Por vezes, o barman olha para a TV enquanto arruma/varre.

Aparece a correr um funcionário dos CTT que se abriga da chuva no pequeno hall do bar. Está visivelmente cansado e as mãos tremem. Tem 30 e poucos anos. Tem um pacote/embalagem/encomenda na mão. Fica de costas para a entrada do bar à espera que a chuva passe. O barman, repara no CTT e passado um bocado, aproxima-se dele abrindo um pouco a porta do bar.
BARMAN
…julgo que esta chuva vai demorar a passar.
O CTT dá conta da presença do BARMAN e não deixando de estar de costas para o BARMAN, responde.
CTT
Felizmente, parece-me que sim.
O BARMAN não nota que o CTT diz felizmente em vez de infelizmente.
BARMAN
Entre enquanto espera.
O BARMAN abre a porta toda do bar (que faz barulho) e fica à espera que o CTT entre. O CTT fica imóvel durante uns segundos, suspira e entra a passo lento no bar.
CTT
Obrigado.
O CTT fica parado no meio do bar, como à espera de mais indicações. O BARMAN fecha a porta e encaminha-se para detrás do balcão.
BARMAN
Sente-se. Esteja à vontade. Descanse um pouco.
O CTT senta-se arrastando-se. Coloca a encomenda em cima do balcão.
BARMAN (CONT.)
O dia não está nada famoso.
O CTT olha pela primeira vez para o BARMAN.
O BARMAN repara que o CTT tem as mãos a tremer. O CTT deixa cair o rosto novamente.
BARMAN (CONT.)
Quer um café para aquecer ?
Insiste, por não obter resposta.
BARMAN (CONT.)
Uma cerveja ? Ah, desculpe, está em serviço.
O CTT finalmente responde com uma voz pesada/arrastada.
CTT
Esta é a minha última entrega.
O BARMAN apercebendo-se do estado depressivo do CTT, moda o tom de voz, com a intenção de o animar.
BARMAN
Então já pode e merece beber uma cerveja. Não quer experimentar a cerveja da casa? Faço-a aqui mesmo.
Olha para o CTT (que tem o rosco caído) sem obter resposta. Continua, quebrando o silencio do CTT, tentando fazer novamente conversa.
BARMAN (CONT.)
É escura e pouco lupudada, mas é mais frutada que uma lager.
O CTT levanta novamente a cabeça e olha para o BARMAN por breves instantes e deixa cair novamente o rosto. Dá para entender que o CTT não está muito interessado em saber a história da cerveja. O BARMAN percebe isso, pega em um copo de cerveja e vai em direcção à torneira da sua cerveja. Começa a encher o copo. Continua.
BARMAN (CONT.)
Desculpe.... Sabe, esta cerveja é para mim um sonho tornado realidade. Durante 15 anos trabalhei em Munique. Aprendi a fazer todos os tipos de cerveja. É uma paixão.
O BARMAN acaba de encher o copo de cerveja, coloca-à frente do CTT. O CTT responde de uma forma irritada ao que o BARMAN acabou de dizer.
CTT
Não me fale de sonhos e de paixões.
O CTT pega no copo de cerveja e bebe a cerveja devagar e com os olhos fechados.
BARMAN
Beba devagar. Saboreie. Uma boa cerveja deve ser apreciada como um bom vinho. Devemos respeitar o trabalho e o tempo que a criaram.
Sem abrir os olhos, o CTT pára de beber a cerveja (só bebe parte) e coloca o copo no bar. Dá a entender que saboreou e gostou bastante a cerveja. No final, abre os olhos e olha nos olhos do BARMAN que olhava para o CTT à espera de uma reacção.
BARMAN
Atão, amigo, que se passa ? O dia está do avesso ?

CTT
Se fosse só o dia...
O CTT pega no copo e bebe mais um pouco da cerveja. Novamente com olhos fechados e devagar, de forma a saborear toda a cerveja que bebe. O BARMAN aproveita para o momento arrumar uns copos na prateleira, e vira as costas para o CTT.
BARMAN
Isso... beba. Uma boa cerveja ajuda a esquecer.

CTT
Fazer esquecer não é importante. O importante é que me anestesie.
O BARMAN vira-se rapidamente, e olha para o CTT com alguma preocupação. Deixa os copos por arrumar, e concentra-se no CTT.
BARMAN
Caro... Qual é o seu nome?

CTT
Gonçalves.
O BARMAN tem em conta que o CTT disse não lhe falar sobre os sonhos e paixões. Tenta da forma seguinte, que o CTT comece ele próprio a falar do assunto tão delicado. A meio começa novamente a arrumar os copos que deixou por arrumar – deixa de olhar directamente para o
CTT.
BARMAN
Amigo Gonçalves... Problemas no trabalho? Como o compreendo. Problemas desses levaram-me a deixar a vida em Munique. Há pessoas conseguem desiludir mesmo após tanto anos a trabalhar em conjunto. Imagine caro Gonçalves, que um colega, a quem eu considera já um amigo, foi acusar-me...

O CTT interrompe o BARMAN de forma ríspida.
CTT
Não são problemas desses homem!
O BARMAN responde logo de seguida.
BARMAN
Ok meu caro. Tenha calma. Isto não pode ser só o senhor a falar. Oiça também. (pausa breve)
O CTT acena ligeiramente a cabeça
BARMAN (CONT)
Continuando... não é que o tal meu colega, que eu considerava como amigo - mas amigo de há muitos anos... deixe cá ver...(olha para cima, a pensar)...mais de 10 anos. (pico de entusiasmo) Não! 15 anos! pois eu conheci-o logo quando cheguei a Munique.

O CTT abana a cabeça com ar que está a perder a paciência. Fala novamente de forma ríspida.
CTT
Oh homem, mas afinal o seu colega acusou-o de quê?!
O BARMAN absorve a resposta ríspida sem reagir. Pausa um pouco, olha para o CTT, e aponta para o copo da cerveja.
BARMAN
Beba mais um pouco que isso passa rápido.
O CTT faz, com ar de contrariado, o que o BARMAN que lhe diz dando um pequeníssimo gole na cerveja, quase só molhando os lábios na cerveja. O BARMAN continua a falar de forma descontraída a arrumar os copos e outras coisa.
BARMAN
Não é que o tipo acusou-me de violar as regras de higiene no trabalho só porque não me viu a lavar as mãos depois de sair do WC.
O CTT fica com os olhos esbugalhados (de surpreendido), olha para o copo de cerveja e novamente para o balcão, abanando a cabeça.

BARMAN (CONT)
Ainda me defendi dizendo que o meu pénis era mais limpo que a boca dele, mas por incrível que possa parecer não serviu de nada. Fui obrigado a vir-me embora. Um autêntico desgosto.
O CTT bate com a cabeça no balcão, com alguma força. O BARMAN ouve e vira-se para ele.
BARMAN
Oh Caro Gonçalves, estou a brincar consigo. Você julga que alguém é despedido por causa disso? Se assim fosse não havia ninguém a trabalhar em bares.

CTT
Eu sei lá o que julgar...

BARMAN
Eu quero que salte daí um sorriso.

CTT
Hoje não é dia de sorrir.

BARMAN
Não diga isso. Há sempre motivos para sorrir. Rir é o melhor remédio!
O CTT interessa-se pela primeira vez na conversa, ignorando o que o BARMAN acabou de dizer.
CTT
Mas afinal o seu colega acusou-o de quê?

BARMAN
Acusou-me de desviar 500€ que mais tarde foram encontrados no meu cacifo. Tramou-me.

CTT
Tramou-o bem.

BARMAN
Sabe... nessa altura haviam rumores que iriam haver cortes no pessoal. O receio de ficar desempregado em plena crise, deve tê-lo levado a fazer um disparate daqueles.

CTT
Cada um pensa por si e só em si.

BARMAN
Mas eu já não guardo qualquer ressentimento. Coitado.

CTT
Coitado?

BARMAN
Sim, passado uns meses morreu engasgado. Um mistério.

O CTT estranha e fica com ar pensativo.


cena 02 – BAR - PROBLEMAS

Ambos olham para a televisão. Uma passagem de modelos passa na televisão.
BARMAN
Mas qual é a mulher que vai comprar aquele casaco de inverno com dois buracos à frente. Eu não percebo nada desta moda. Nem sei onde vão encontrar estas mulheres, do tipo palito de lá rene.

CTT
As mulheres são todas umas putas.
O BARMAN fica estupefacto com a resposta do CTT e responde calmamente em tom de “desafio”. À Chico esperto.
BARMAN
Incluindo a sua mãe?

CTT
Não! Está a brincar comigo?! Estou a falar da minha mulher.

BARMAN
Desembuche.
O CTT bebe rapidamente o resto da bebida.

APONTAMENTOS

RESUMO(alguns pontos chave)

Um empregado dos CTT resguarda-se da chuva num bar antes de entregar a sua última encomenda, cujo remetente é a sua mulher e o destinatário o amante da sua mulher. O dono do BAR convida-o a entrar e repara no estado depressivo do CTT. Entre copos, têm uma longa e animada conversa sobre as suas vidas, e as dos que os rodeiam. Ambos falam da sua vida pessoal e fazem critica social. Durante a conversa, o BARMAN percebe que o CTT quer assassinar o amante da sua mulher e suicidar-se. Mais tarde também durante a conversa o CTT apercebe-se que o BARMAN é o amante da sua mulher e pensa em assassiná-lo, mas decide conhece-lo melhor. O BARMAN, sem saber que é o amante da mulher do CTT, tenta mudar as ideias ao CTT e antes de se despedir dele pensa tê-lo conseguido. No entanto, o CTT é atropelado mortalmente (suicida-se) após ter saído do bar “esquecendo-se” da encomenda no bar. Enquanto o BARMAN telefona a pedir ajuda repara que a encomenda era para si. Sente-se culpado pelo que aconteceu ao mesmo tempo que se sente traído pela sua amada, que é tudo menos aquilo que ele pensa. Na encomenda é lhe devolvida uma prenda especial que deu à sua amada juntamente com uma nota a dizer “Esquece-me”.

Ideias/CheckList

1. A mulher é a minha personagem. Durante a conversa poderá haver a sua descrição.
2. A televisão está ligada... poderão haver alguns diálogos relacionados com o que se passa lá (critica social) Numa forma do barman tirar a tensão existente. Tal como as pessoas que possam passar pela janela, telefone, etc...
3. Em vez dos CTT, o homem que entra no bar ser de uma empresa mais de top.
4. O BARMAN só sabe no final que o CTT é o marido da sua amada.
5. A conversa inclui critica social.
6. Por cada golo de cerveja a conversa (pausa) poderá ser usado para o mudar tema de conversa ou introduzir uma nova abordagem do BARMAN para mudar as ideias ao CTT.
7. Usar o espaço exterior (janelas de vidro) para introduzir novos temas de conversa (chuva já parou? Pessoas a passar. O BARMAN pode contar a história de uma delas).
8. No final ou mesmo durante, o CTT poderá pedir uma bebida rasca (ou água da torneira) para tirar (bochecha) o sabor da boca dos vinhos e cervejas que o BARMAN lhe deu, como sinal de desprezo em relação ao BARMAN.
9. A maior paixão do BARMAN, na verdade, é o vinho (o vinho preferido é o Don Melchor de 1990). Mas não tem $$ para ter uma vinha só para ele criar o seu próprio vinho. O seu verdadeiro sonho não o tem, tal como a mulher.
10. O barman junta-se a beber obrigatoriamente com o CTT.
11. O barman nunca diz o seu nome. O CTT diz no inicio porque o BARMAN lhe pergunta. Deve ficar claro para quem ouve o diálogo que não disse o seu. Caso contrario o CTT saberia logo que o BARMAN era o amante da sua mulher.
12. Dar nome ao bar?
13. O CTT vai apanhando pistas que o barman é o destinatário da encomenda, que obrigam quem lê o dialogo a estar atento, de forma a entender como é que o CTT descobriu que o BARMAN era o amante. Mas também formas de confundir essa ideia. Por exemplo: o barman dizer que mora em frente ao bar; a cor dos olhos das respectivas amadas são díspares (o barman é daltónico, e demonstra-o mais tarde ao não distinguir 2 cores diferentes de bebidas).
14. Para sublinhar um momento de tensão, uma pessoa entra no bar e tenta interromper a conversa querendo falar com o BARMAN. O barman demonstra o seu desespero ao maltratar a pessoa que entrou, mandam-a embora, sem a deixar falar.
15. Sublinhar o facto que o CTT (background story) tem uma educação militar e que foi sempre habituado a seguir ordens e a ser um trabalhador modelo (por isso é que foi entregar todas as encomendas primeiro e sobretudo não abriu a encomenda). O barman pergunta-lhe isso mesmo.
16. O CTT descreve a sua mulher quase como perfeita (doce, etc) que o surpreendeu nesta sua atitude estranhando o risco que a mulher assumiu ao enviar a encomenda pela empresa onde o CTT trabalha. No fundo, a mulher, conhecendo o seu marido fez isso tudo de propósito, querendo que os 2 homens morressem. Mas, o seu marido faz só metade da sua vontade, para que ela tivesse esse desgosto, contrariando-a pela primeira vez (o CTT segue sempre as ordens).
17. Utilizar humor durante todo o dialogo. Será possível acrescentar o uso de um modelo de msg de telelé a dizer “Eu também te amo?”.
18. Sublinhar o facto que o barman ao tentar fazer com que o CTT não se suicidasse e matasse o amante da sua mulher, salvou a sua vida, que agora está destruida.
19. Fará mais sentido colocar as personagens mais velhas ???
20. Dar um nome ao CTT e à mulher.
21. O dialogo/cena está repleta de pausas (timing).
22. Falar de aspectos físicos das personagens que ajudem a formar um tema de conversa.
23. Acrescentar – dar a entender que afinal é possível que a 1a versão da história do BARMAN ter sido despedido seja verdadeira – Exemplo: limpa a boca com as mãos (a fazer uma bebida ou a chorar...etc) e releva que se esqueceu de lavar novamente as mãos (porque sabem mal).
24. O diálogo pode não ser contínuo no tempo. Desta forma a conversa poderá ser mais prolongada na realidade (os actores mudavam manualmente o relógio, colocam copos vazios em cima do balcão).

Rascunhos

O BARMAN só nota que é ele o que está a trair, quando o CTT deixa (ele pensa que se esqueceu) dentro do bar. Não o consegue apanhar. Olha o nome na encomenda.... fica pálido... com ar de culpado ... preplexo. ... por momentos fica parado... abre o pacote... em enforia ... vê as 2 garrafas do seu vinho preferido que ofereceu à sua amante. Tem um cartão junto das garrafas a dizer “ACABOU” ou “ESQUECE-ME”. É uma cena que junta muitas emoções em muito pouco tempo. O BARMAN não sabe que a sua amante é casada.

Na parte final, (ideia) o barman vê que o CTT se esqueceu do pacote (o ctt deve mudar a localização do pacote, de em cima da mesa para perto do banco, quando souber que o barman é o amante da sua mulher. Talvez possa haver outro sinal que indique que o CTT sabe que ele é o barman e que o pretende tambem o matar, esconder uma arma (?) trivial... por exemplo o barman utiliza uma faca para cortar qq coisa... ou o ctt pela a faca para fazer qq coisa... e sublinha que ainda pode vir a precisar. (o publico pensa que se quer suicidar...). No final o barman vai atrás do CTT para lhe dar o pacote esquecido. Já não o consegue apanhar. Entra novamente no bar, ouve-se um estrondo,...o barman vai ver e o CTT foi atropelado, suicidando-se (mais uma vez, seguiu as ordens da mulher, pensa ele). O barman volta ao bar a correr e vai ao telefone pedir ajuda. Coloca o pacote em cima do balcão, olha para o destinatário... fica branco... deixa cair o telefone... fica desesperado... decide abrir o pacote... vê as garrafas... vê a mensagem... a cena termina com o drama e com alguém no telefone a perguntar...se precisa de ajuda (112).